Na Barra, jovem diz ter sido violentada após bebedeira. Os quatro acusados negam violência
Rio - Pais de dois dos menores envolvidos no possível estupro negaram ontem que a menina tenha sido forçada a manter relações sexuais com os adolescentes.
“Essa acusação não tem nenhum fundamento. Conheço os meninos, são todos bons garotos. Meu filho disse que ela não fez nada à força. Mas, como o pai a encontrou numa situação muito delicada, pode ter resolvido inventar esta história”, disse o pai de um dos meninos, de 17 anos.
A mãe de outro jovem, o único que não mora no condomínio, disse que o filho teria conhecido a jovem naquela noite.
Vítima trocava mensagens com acusados
A moça que diz ter sido violentada era amiga de pelo menos dois dos menores acusados do crime no site de relacionamentos Orkut, onde trocavam mensagens constantemente. Ontem, os dois manifestaram seu descontentamento com os comentários de moradores do Península na comunidade do condomínio no site.
“Vocês (...) não sabem exatamente o que aconteceu”, disse um deles. O outro completou: “Estão muito mal-informados dos fatos para estar (sic) falando dessa forma”.
Moradores comentam na página do condomínio no Orkut que teria havido flagrante de jovens com maconha no bosque do Península e ocorrido outro estupro no local há cerca de dois meses.
Entenda o caso
Moradora de um condomínio de luxo, jovem de 19 anos acusa quatro rapazes — todos menores de idade — de estupro na noite de quarta-feira. Em depoimento à 16ª DP (Barra da Tijuca), ela disse ter consumido grande quantidade de vodca com energético e ter “ficado” com um dos rapazes, antes de ser impedida pelos jovens de sair do bosque do Condomínio Península. A jovem disse que ficou desacordada e, ao retomar a consciência, estava em “conjunção carnal” com um dos adolescentes, de quem não sabia sequer o nome. O crime teria sido cometido por volta das 21h.
O exame de corpo de delito confirmou que houve rompimento recente do hímen e que a menina apresentava hematomas nos braços, pernas e pés. Os jovens, que estão sendo investigados por estupro e lesão corporal, negaram ter cometido violência sexual. O delegado Carlos Augusto Nogueira disse que fará ainda esta semana uma acareação entre todos os envolvidos, para esclarecer contradições nos relatos da vítima e dos acusados. Ele também pretende repetir os exames no IML. O DNA dos jovens será recolhido para ser comparado com o do sêmen encontrado no corpo da vítima.
“Estamos tratando este caso como crime de estupro. O que nos intriga é a informação de que o jovem que manteve relação sexual com ela estaria usando preservativo. Por isso, queremos saber de quem seria o sêmen”, afirma o delegado.
Em seus depoimentos, os jovens negam a violência e dizem que a menina teria feito sexo com apenas um deles, por vontade própria. A vítima disse se lembrar de ter feito sexo apenas com um deles — o que admite a relação sexual. Os acusados afirmam que a jovem criou a versão de estupro para justificar o fato de ter sido flagrada pelo pai, seminua, ao chegar ao local.
Segundo os jovens, a menina estava ‘ficando’ com um dos meninos — ex-morador do condomínio e que reside atualmente em São Paulo — na trilha que dá acesso ao bosque interno do Península. Quando este rapaz decidiu ir embora, ela teria chamado então um dos menores — que não mora no condomínio — para acompanhá-la e fazer sexo. Os demais teriam ficado no ‘espaço zen’ do condomínio, onde foram recolhidas garrafas de vodca e latas de energético.
A menina foi levada por policiais militares para o Hospital Lourenço Jorge, na Barra, onde recebeu aplicação de glicose. Na delegacia, o pai de um dos jovens ameaçou agredir os jornalistas enquanto um dos adolescentes mandava beijo para as câmeras.