segunda-feira, 13 de julho de 2009

Ela tinha medo de altura, diz mãe de menina que caiu

Rio - Nitidamente abalada, Fátima Rodrigues de Sena, mãe da menina Rita de Cássia Rodrigues de Sena, 5 anos, que morreu no último sábado após cair do 5º andar do prédio em que morava na Zona Norte, disse que a filha tinha medo de altura. Segundo Fátima e seu marido, Gilson Rodrigues de Sena, ela "não tinha essa peraltice de ir pra cozinha e subir - porque tem criança que arrisca". Os pais da menina foram soltos nesta segunda-feira após a Justiça conceder habeas-corpus aos dois.

O casal conseguiu o direito de liberdade provisória. O pedido da advogada Fátima Pandolfo foi aceito no fim da manhã pelo juiz André Nicolett. Fátima deixou a Polinter de Mesquita, na Baixada Fluminense, em um carro particular junto com a advogada, parentes e o marido Gilson, que foi liberado pouco antes da Polinter do Centro do Rio.

A expectativa agora é pelo enterro de Rita de Cássia. A cerimônia chegou a ser marcada para as 16h desta segunda, no Cemitério de Inhaúma, mas foi transferida para as 11h desta terça-feira, no Cemitério de Irajá. "Foi horrível. Vocês nem podem imaginar a minha dor. A minha dor é muito grande. Eu sempre tive zelo por ela", comentou Fátima.



As irmãs de Rita de Cássia, Carolina, de 18 anos, e Camila, de 14 anos, deveriam prestar depoimento nesta terça-feira na 44ª DP (Inhaúma), mas como o enterro foi marcado para este dia, o depoimento delas deve ser somente na quarta-feira. Carolina está grávida de 8 meses e passou mal quando soube do acidente. Camila está na casa de uma tia e ainda está muito abalada.

Tragédia com criança e desespero dos pais

‘Sempre tive todo cuidado com minhas filhas. Em frações de segundos, aconteceu tudo aquilo: Rita estava estirada no chão, com o travesseiro e o edredom de um lado e lençol do outro. A dor é muito grande. Não matei minha filha”, disse Fátima em depoimento desesperado.

Imagens do circuito interno mostram que os pais não impediram a morte por segundos: eles entraram no elevador de volta à casa 31 segundos antes de a filha cair. Segundo a polícia, eles entraram em casa um minuto depois da queda.

“Não temos dúvida de que houve crime de abandono de incapaz. Eles deixaram uma criança de 5 anos num apartamento com tela de proteção rasgada. Como pode os pais deixarem uma criança de 5 anos sozinha? Tenho um filho de 5 anos e isso é inconcebível”, disse a delegada Adriana Belém, da 25º DP (Engenho Novo).

A menina caiu às 23h23 por uma tela de proteção que estava rasgada na janela da área de serviço. Junto ao corpo, seus pertences: mochila da Barbie com roupas, cadernos e brinquedos, lençol, travesseiro, edredom, chupeta e tesoura.

Além dos objetos atirados pela criança, a polícia apreendeu no apartamento um revólver 38, de propriedade do pai, que foi agente penitenciário, mas não tem porte de arma.

Ao chegar ao apartamento e não encontrar a filha, Fátima voltou à festa junina onde estava, nervosa. Ela teria sugerido que o DJ anunciasse o sequestro da menina. Vizinhos circularam em busca de algum suspeito e viram o corpo. “A criança respirava e a barriga mexia. A ambulância demorou a chegar. Depois de mais de 20 minutos, senti a pulsação muito fraca”, disse um morador.

A criança chegou a ser levada para o Hospital Salgado Filho, no Méier, aonde já chegou sem vida. O delegado Marco Aurélio de Castro espera resultado da perícia quarta-feira: “Não sei se a criança estava brincando. Acredito que tenha forçado a tela, que, danificada, não suportou o peso”.



Vizinhos elogiam zelo da mãe com as duas filhas

Na delegacia, os pais exibiam o desespero. Mal tinham forças para se defender. “Ela (Rita) colocou uma camisola linda que minha mãe deu. Parecia uma princesa. Ainda pinguei remédio no nariz dela”, relatou a professora Fátima Rodrigues Sena, sobre os últimos instantes com a filha. Vizinhos retratam uma mãe zelosa, sempre junto a Rita e a Camila, 14 anos. “Era muito atenciosa”, confirma Roseli Ribeiro, dona do bar do condomínio.

Peritos vão ao apartamento

Todas as janelas do apartamento possuem redes de proteção. Havia, porém, defeito numa delas. “A empregada encostou o ferro na tela da área de serviço e abriu buraco”, contou a mãe, que ainda acreditava na hipótese de alguém ter jogado a filha. Com os olhos vermelhos e inchados, Gilson chorava. “Ela era uma menina maravilhosa”, disse o contador.

Peritos estiveram no condomínio onde a pequena Rita de Cássia morreu para investigar os motivos do crime. Durante 20 minutos, eles tiraram fotos e recolheram a tela de proteção na área de serviço, que estava furada e a menina teria passado quando se jogou. Para o agente Hélio Martins ainda é cedo para se ter uma conclusão.

- A Polícia trabalha, mas os laudos da perícia precisam de tempo para ficar prontos. Precisamos esperar para tirar uma conclusão, disse Helio Martins.

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