quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vaticano quer cartas do Papa


Beatificação de João Paulo II depende de análise da correspondência dele com uma amiga de juventude

Roma - A troca de cartas entre João Paulo II e a psiquiatra polonesa Wanda Poltawska, durante mais de 50 anos, pode atrasar o processo de beatificação do Papa, segundo noticiou o jornal italiano ‘La Stampa’ neste fim de semana. O atraso pode acontecer porque a correspondência entre Karol Wojtyla e Wanda não foi totalmente disponibilizada para a comissão que cuida do processo de beatificação, iniciado poucas semanas após a sua morte, em abril de 2005.


De acordo com a publicação, Wanda agora deverá entregar todas as cartas, para que elas sejam analisadas pelo Vaticano. “Os teólogos devem pedir todo o material conservado pela senhora Poltawska, para eliminar dúvidas e ambiguidades que possam motivar contestações futuras, ligadas à inédita correspondência com uma mulher leiga, cujo conteúdo é desconhecido”, disse o cardeal José Saraiva Martins, prefeito da congregação para a causa dos santos, que iniciou o processo de beatificação.

VÍTIMA DE NAZISTAS

Segundo Martins, todas as cartas deveriam ter sido entregues na fase diocesana do processo, na Polônia. Agora que o processo chegou a Roma será preciso mais tempo de trabalho. A amizade entre Wojtyla e Wanda, hoje com 88 anos, nasceu quando os dois eram jovens, logo após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), durante a qual ela ficou em campo de concentração e foi cobaia de experiências médicas nazistas.

Na opinião do vaticanista Andréa Tornielli, não há nada de suspeito na amizade. “Pensar que destas cartas possa aparecer uma relação não limpa quer dizer que não se entendeu nada sobre o Papa. Ele ajudou Wanda a esquecer seu drama, abençoou o casamento dela e batizou seus filhos: sempre houve grande amizade”, disse Tornielli. Wanda declarou ao ‘La Stampa’ que tem uma “mala cheia” de cartas.

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