Brasil e França preparam as buscas no fundo do mar
O rastro de cinco quilômetros de destroços localizado no início da tarde de ontem pela Força Aérea Brasileira a 650 quilômetros de distância da Ilha de Fernando de Noronha é do Airbus A 330-200 da Air France, que desapareceu no domingo com 228 pessoas a bordo. A confirmação é do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que esteve ontem no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca, e conversou com familiares das vítimas. Os aviões R99 e KC-130, da FAB, localizaram uma poltrona, pedaços de metal branco, uma boia de cor laranja, tambor e uma grande mancha de óleo. O coronel Jorge Amaral, vice-chefe de Comunicação da FAB, considera que a presença de óleo no oceano significa que o tanque do avião não explodiu no ar. O local onde ocorreu o acidente tem tempestades fortes e ocorrência de grandes pedras de granizo — uma ameaça temida pelos pilotos.
As autoridades consideram improvável encontrar a caixa-preta do avião. “Caixa-preta não boia. A região tem de 2 a 3 mil metros de profundidade e encontrá-la será difícil”, assinalou Jobim. Mas as equipe de busca, compostas por 550 homens divididos em cinco embarcações, trabalham com a possibilidade de encontrar sobreviventes. “É uma operação de salvamento e socorro”, afirmou o almirante Domingos Sávio Nogueira. Depois de receber as notícias dos destroços, o presidente em exercício, José Alencar, decretou luto oficial de três dias em todo o País.
A investigação sobre as causas do acidente ficará sob responsabilidade da França, já que a aeronave é registrada naquele país. A Aeronáutica informou que dois investigadores franceses já estão no Brasil para comandar a apuração. Eles receberão apoio do Serviço Regional de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Seripa III), no Rio, e do Seripa II, em Recife.
O governo da França informou que enviará a Natal navio especial para exploração no fundo do mar, com submarino de visualização e robô explorador. A Marinha brasileira tem apenas submarinos de guerra, inadequados para buscas. A procura por destroços, corpos e sobreviventes fica a cargo do governo brasileiro. Os objetos encontrados no mar serão recolhidos pelo navio Grajaú, da Marinha, e levados para Fernando de Noronha.