Centenas de americanos já optaram por manter corpos em baixíssimas temperaturas, na tentativa de adiar a morte
Rio - Diz um mito de mais de 4 décadas que Walt Disney congelou o próprio corpo após morrer, no fim da década de 60, para ser reanimado quando a Ciência descobrisse como. O corpo do criador do Mickey foi, na verdade, cremado, mas aproximadamente 200 americanos já optaram por manter seu corpo em baixíssimas temperaturas, na esperança de adiar a morte. E pelo menos um brasileiro pretende seguir o mesmo caminho.
O processo de ter o corpo “criopreservado” é polêmico, mas não deixa de ser oferecido por diferentes institutos nos EUA, que cobram entre 28 mil e 155 mil dólares. A técnica só é permitida nos EUA quando o paciente está legalmente morto, ou seja, teve parada cardíaca irreversível. Como os defensores da criogenia entendem que não se morre até que as células cerebrais sofram um determinado nível de danos, eles acreditam que, no futuro, pacientes possam voltar à vida.
ATIVIDADE CEREBRAL
“O cérebro só fica ativo por no máximo mais alguns minutos após a parada cardíaca. Mas há células cerebrais que ficam ativas ainda por muitas horas. Se o paciente é resfriado rapidamente depois que o coração para, a preservação é melhor”, explicou por e-mail a O DIA Ben Best, presidente do Cryonics Institute (CI), um dos mais famosos institutos que mantém corpos congelados nos EUA. Pelo menos uma das instituições, o Alcor, oferece até a preservação apenas da cabeça.
Enquanto o momento de encarar os tubos de nitrogênio líquido a quase 200 graus negativos não chega, futuros pacientes explicam por que querem ser congelados: “Quero ser criopreservado porque é a melhor chance que tenho de imortalidade. Acho que as chances de sucesso são pequenas, mas chances pequenas são melhores do que nenhuma”, afirma um membro do CI de 44 anos.
Brasileiro defende técnica
No Brasil, o mais conhecido defensor da criogenia é o neurologista Diaulas Vidigal, que já lançou livro no exterior sobre o assunto. Ele tem interesse em ser criopreservado. “Ainda é preciso desenvolver alguns processos, mas a criogenia vai evoluir muito com as células-tronco. Enquanto houver um determinado nível de atividade cerebral, a reanimação é possível”, garante.