No Brasil, 641 morreram em aviões nos últimos 5 anos. Índice é o maior entre 105 países
No período de 1999 a 2004, o movimento foi inverso: 1.104 americanos foram vítimas de acidentes aéreos, e no Brasil registraram-se 128 mortes. Indonésia, Venezuela, Nigéria, Espanha, Tailândia e Paquistão também apresentaram aumento em suas taxas de acidentes, mas países como China, Congo, Colômbia, Itália, Canadá, a exemplo dos EUA, reduziram as fatalidades aéreas. De 1999 a 2009, houve 11.334 acidentes aéreos, dos quais 16 com aviões da Airbus. Dois deles, do modelo A330, o mesmo da tragédia do voo 447.
FISCALIZAÇÃO FROUXA
O brigadeiro José Carlos Pereira, ex-presidente da Infraero, explica que o Brasil precisa investir em fiscalização das oficinas de manutenção de aeronaves e melhor formação dos pilotos para reduzir os acidentes. “A Anac (Agência Nacional de Aviação) não consegue fiscalizar todas as oficinas. Manutenção de avião e certificado de piloto, essa é a chave para reduzir acidentes”, enfatiza.
O brigadeiro lembra que o Brasil ficou com nota baixa na avaliação do International Civil Aviation Organization (Icao) no quesito sob responsabilidade da Anac, criticada pela limitação na fiscalização de manutenção de aeronaves. Procurada por O DIA, a agência informou que a avaliação geral do Brasil no Icao foi positiva.
FALHA DE MOTOR
Relatório de 2009 do Cenipa (Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos), órgão do Ministério da Defesa, informa que nos últimos 10 anos foram registrados 697 acidentes, ou seja, um avião cai no Brasil a cada cinco dias. A estatística inclui aeronaves pequenas. Segundo o Cenipa, 966 pessoas morreram em acidentes aéreos no País em 10 anos. O número é ainda maior do que o da Acro porque inclui vítimas da aviação agrícola. Os dados do Cenipa são anteriores à queda do Airbus e do avião na Bahia.
O Centro de Prevenção da Aeronáutica mapeou as causas de acidentes aéreos no Brasil e descobriu que o motivo mais recorrente é falha do motor no voo. A segunda é a perda do controle da aeronave, que está diretamente relacionada a fatores psicológicos do piloto.
O acidente
O Airbus A330 saiu do Rio de Janeiro no domingo, 31 de maio, às 19h (de Brasília), e deveria chegar ao Aeroporto Roissy - Charles de Gaulle de Paris no dia 1º às 11h10 locais (6h10 de Brasília).
De acordo com nota divulgada pela FAB, às 22h33 (horário de Brasília) o vôo fez o último contato via rádio com o Centro de Controle de Área Atlântico (Cindacta III). O comandante informou que, às 23h20, ingressaria no espaço aéreo de Dakar, no Senegal.
Às 22h48 (horário de Brasília) a aeronave saiu da cobertura radar do Cindacta, segundo a FAB. Antes disso, no entanto, a aeronave voava normalmente a 35 mil pés (11 km) de altitude.
A Air France informou que o Airbus entrou em uma zona de tempestade às 2h GMT (23h de Brasília) e enviou uma mensagem automática de falha no circuito elétrico às 2h14 GMT (23h14 de Brasília). A equipe de resgate da FAB foi acionada às 2h30 (horário de Brasília). Na última sexta-feira foi confirmado, oficialmente, que os destroços encontrados no Oceano Atlântico eram do voo AF 447. Na manhã seguinte, a Marinha e a Aeronáutica localizaram os primeiros corpos das vítimas.